Conhecidos como as “cartilagens do joelho”, os
meniscos são estruturas fibrocartilaginosas, com forma semilunar,
existentes no interior da articulação do joelho.
Existem dois meniscos
na articulação do joelho – um interno (lado de dentro do joelho) e
outro externo (lado de fora do joelho) - situados entre os côndilos
femorais e as cavidades da tíbia. O menisco interno tem a forma de um
“C” e o menisco externo tem a forma de um “O”.
Distribuir as forças relativa ao peso do corpo, absorver o impacto entre as forças exercidas na articulação do joelho, melhorar a congruência / homogeneidade articular contribuindo para a estabilidade do joelho assim como contribuir para uma integridade articular saudável, são as principais funções dos Meniscos.
Ambos os meniscos estão anatomicamente inseridos nas
cavidades da tíbia por intermédio de ligamentos. O menisco interno
encontra-se fundido / interligado com a cápsula articular e ao ligamento
lateral interno. Por este motivo, tem menor mobilidade tornando-se mais
susceptível a lesões (cerca de cinco vezes mais), comparativamente ao
menisco externo . Para além disso, as lesões do menisco interno ocorrem
muitas vezes associadas a lesões do ligamento cruzado anterior e/ou do
ligamento lateral interno.
Dadas as suas características e funcionalidades, uma vez
lesados, podem comprometer a funcionalidade do joelho. As lesões
meniscais podem apresentar três causas distintas:
degenerativa, congénita e traumática.
A ultima decorrente de
traumas rotacionais ou axiais (ex. rotação do fémur sobre a tíbia), que
lesam a estrutura meniscal. Habitualmente o mecanismo desencadeia-se
através de uma rotação do corpo sobre o joelho semi-flectido
(semi-dobrado). Este mecanismo é mais frequente em atividades
desportivas considerando-se a presença de instabilidade articular como
um dos principais fatores de risco.
Os indivíduos que sofrem lesões meniscais desta natureza,
normalmente identificam o movimento / mecanismo que despertou os
sintomas, assim como, o momento do inicio dos mesmos. Referem
sintomatologia (dor) inicial severa / aguda, alternado com períodos de
menor intensidade. Contudo a atividade física é sempre um fator que
desperta ou agrava os sintomas. Lesões de menor gravidade / severidade
podem não despertar sintomas imediatos, existindo uma tendência para
surgirem ao fim de 24 horas ou mais.
Dor localizada ao nível da interlinha articular ou na
região interna ou externa do joelho, dependendo do menisco lesado. Por
vezes, pode existir dor na região posterior do joelho (atrás do joelho).
Dificuldades na marcha (andar / caminhar com dor) associada a uma sensação de instabilidade de falência do joelho (falta de força repentina) em atividades que implicam mudança de direção na marcha, no subir e descer escadas e pisos inclinados.
Sensação de joelho bloqueado (preso) limitando-o à realização de certos movimentos (ex. dificuldade em esticar o joelho na sua totalidade) por presença de fragmento meniscal (presença de um corpo livre e solto dentro do joelho).
Sensação de ressalto (os movimentos do joelho podem ser acompanhados por um ressalto / “clunk” audível)
Presença de edema (inchaço do joelho). É um sinal clínico frequente, mas por vezes pode não estar presente. - Por norma, a instalação do edema é lenta (pode levar horas ou alguns dias) nas lesões de origem traumática, no entanto, se surgir edema nos primeiros momentos após a lesão, poderá ser um indicador positivo a uma lesão associada do ligamento cruzado anterior
Normalmente as lesões meniscais têm quase sempre indicação para cirurgia.
Contudo, a base desta decisão pode ser considerada pelo grau
de severidade bem como pelas expectativas e necessidades de cada utente.
Lesões cujo sinal de ruptura seja de dimensões reduzidas podem ser
resolvidas com a fisioterapia. Lesões cuja severidade seja elevada tem habitualmente
indicação para cirurgia. Para além da história (origem / causa da lesão,
sinais e sintomas) e respectiva avaliação clínica, os níveis de
severidade das lesões meniscais podem requerer a necessidade de
confirmação através de exames complementares de diagnóstico (ex.
ressonância magnética).
Seja qual for a base da decisão, a intervenção da
fisioterapia nos casos não cirúrgicos e/ou pós-cirúrgicos é constituída
por várias etapas ou fases e têm como principais linhas orientadoras:
A diminuição da dor e o edema (inchaço) através da
aplicação de várias estratégias (tipos de tratamento) como por exemplo a
utilização de gelo por determinados períodos de tempo, agentes
electrofísicos, mobilização da articulação do joelho, ligaduras
funcionais, entre outras.
Restabelecer a mobilidade do joelho através da implementação de programas de exercícios direcionados para o aumento das amplitudes articulares.
Aumentar a força muscular do membro inferior, através de programas de fortalecimento direcionados para músculos específicos da coxa e da perna.
Aumentar a estabilidade articular do joelho recorrendo a um conjunto de exercícios proprioceptivos (de coordenação e equilíbrio) implementados gradualmente tendo em conta critérios adequados de exigência e dificuldade.
No global, a intervenção da fisioterapia tem como objetivo
central melhorar os seus níveis de funcionalidade e diminuir as
restrições nas suas atividades do dia a dia (ex. no andar, subir e
descer escadas, agachar-se, etc) e/ou desportivas, assim como, prevenir
ou minimizar os riscos de um novo episódio.
Existe um bom prognóstico na recuperação das lesões
meniscais pós-cirurgicas podendo variar entre os 30 a 60 dias tendo em
conta fatores como a idade, ausência de complicações pós-cirúrgicas, o
inicio precoce da fisioterapia, a motivação, etc.
Nos casos não cirúrgicos (lesões meniscais de reduzida dimensão) o prognóstico pode ser superior aos 60 dias, condicionado em grande parte à capacidade regeneração do menisco.
Nos casos não cirúrgicos (lesões meniscais de reduzida dimensão) o prognóstico pode ser superior aos 60 dias, condicionado em grande parte à capacidade regeneração do menisco.
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